opinião

OPINIÃO: Caos anunciado


Na verdade, tudo normal. Tudo o que era esperado de uma nação que não se entende e não se encontra. Que sonha com salvadores e terceiriza a responsabilidade. Anormal seria o combustível a preço justo num país que elegeu uma culpada por todos os males e acreditou que era só sair gritando pela rua e a gasolina iria para um real ao litro.

A Petrobras não é mais do Brasil. Ok, talvez nunca tenha sido totalmente do Brasil, mas agora é menos ainda. Agora ela serve aos investidores, à Bolsa. A um sistema que não dá emprego, não gera renda, não soma, não figura e não ajuda. Aliás, enquanto você reclama do preço da gasolina, ou do tomate, ou de um alicate, há alguém, em frente à tela de um notebook, comemorando o novo valor da sua ação.

Não é pensamento retrógrado, e até acho que o investidor tem que ganhar. Mas justo em cima do combustível?

Qualquer criança sabe que a cada centavo a mais no diesel são bilhões de centavos a mais no custo da cesta básica. Todo o país de respeito tem combustível barato, então como é essa obrigação de seguir regras de mercado. Quem obriga e quem é obrigado nessa história. O Brasil tem que seguir o mercado, mas quem paga?

Para começo de conversa, essa história de que a Petrobras vai quebrar se não atualizar o prelo dos combustíveis a cada 15 segundos é papo para boi dormir. Estava desorganizada, fazendo investimentos ruins, com dezenas de incompetentes no comando, sendo roubada de trem, e nem assim quebrou. Não conseguiram quebrar ela sustentando 1.000 políticos, como quebraria agora?

São os interesses que não podem ser contrariados, apenas isso.

Então vem a paralisação, porque é natural que isso um dia iria estourar. Três, quatro, cinco reais o litro da gasolina, e o diesel cada vez mais perto, mas o que é isso? Será que este governo achou que ninguém notaria?

Não é problema de caminhoneiro. É o maior problema econômico do Brasil, pelo que, inclusive, já escrevi e li dezenas de artigos como este. Como assim, tangenciar uma barbaridade dessas, de você escolher comer ou andar de carro? Caos mesmo é ignorar essa tragédia.

Caos é o governo fazer uma proposta de baixar o preço por 30 dias. Caos mesmo é mandar o Exército retirar os caminhões das ruas e garantir que os postos fiquem abertos e comercializem gasolina por singelos R$ 5 o litro.

Tudo pelo investidor de Bolsa e seu imenso esforço laboral e produtivo.

Era óbvio que iria dar nisso, e deu. Ao menos agora eu sei que não sou o único a achar um absurdo que num país que só tem rodovia, andar de carro se torne quase impossível.

Vamos torcer que logo as coisas voltem ao normal, esperamos, com um final efetivamente feliz. Não só pela liberação das estradas e a normalização dos serviços, mas pelo

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

OPINIÃO: Que tal se brincássemos de falar sério? Anterior

OPINIÃO: Que tal se brincássemos de falar sério?

OPINIÃO: Gestão pública incompetente: prejuízos coletivos continentais Próximo

OPINIÃO: Gestão pública incompetente: prejuízos coletivos continentais

Colunistas do Impresso